Momentos de reflexão
Por vezes pergunto-me por que razão tantos temem pensamentos sobre a vida. Quando se levanta a possibilidade de uma conversa de grupo ir nessa direcção, ocorre frequentemente que alguém lance uma expressão de humor ou sarcasmo para distrair o grupo. Então, todos relaxam um pouco na superficialidade da brincadeira, disparate ou conversa vazia.
Não significa isto que tenhamos de estar sempre no extremo da profundidade e da seriedade intelectual, sem nos divertirmos com uma dose saudável de pensamento cómico ou trivial. No entanto, pelo que observo, há muito receio em abordar questões fortes que confrontem demasiado a dor negligenciada. Faz-se isto como se a indiferença para com o processo de conhecimento e sentimento de si próprio resolvesse as dores equivocadas.
Raramente um desafio se resolve por ser ignorado. No entanto, até percebo a motivação quando isto se faz. Talvez baste compreender que podemos decidir direccionar as emoções associadas a um desafio com opção pela leveza e nobreza. Em certa medida, estamos a partir de emoções dolorosas, e a decidir incinerá-las como toros de lenha num fogo interior que não só ignora o ascendente das emoções pesadas, como as usa na produção de força conscientemente escolhida. Assim, existe uma decisão de soberania na qual assumimos ascendente sobre o clima emocional interno para escolher como viver cada momento.
Quando redijo mensagens e pensamentos, estou frequentemente a realizar o processo que acabo de descrever. Como se a necessidade de transpôr algo não intelectual para um todo coerente de texto obrigasse a uma transformação que muito me permite alcançar.
Simultaneamente sinto-me autor e leitor:
– autor por fisicamente fazer discorrer as palavras de forma a ser entendido pelas regras da gramática, ortografia e pensamento lógico;
– e leitor, por estar a ouvir o que escrevo de uma fonte imensa e abundante que tem a elegância de me fazer pensar que sou eu que estou a escrever.
Continuarei a escrever mensagens e pensamentos enquanto achar relevante apaziguar e educar o meu ego através da partilha e interacção humana. Mas estou convencido que o dia chegará em que drasticamente reduzirei as palavras ditas e escritas, por preferir estar mais próximo da fonte que me permite saber quem realmente sou ainda em vida.
Pensamentos sobre a vida são um prazer a tomar com dose e parcimónia. Doses pequenas manter-nos-ão brutos, insensíveis e ignorantes. Doses excessivas causarão ansiedade, perturbação e desespero. Em ambos os extremos faltará gratidão ou capacidade de sentir amor e ternura.
O pensamento deve ser desmascarado de forma hábil. Deve saber lidar com o facto de não nos limitarmos a ele, enquanto se mantém grato e empático por não o querermos deliberadamente ignorar ou matar.
Tudo o que seja regido pelas leis da vida deve ser abarcado na sua natureza mais profunda: do mais visível corpo ao mais invisível campo da subtileza, emoção e pensamento. Sentindo-se compreendido e acarinhado, todo este pulsar de vida retribui com um espectáculo de oprtunidades vibrantes e estímulos múltiplos.
Esta reflexão leva-nos pois a tirar os olhos destas palavras, recostar o corpo, aprofundar a respiração e olhar em volta com os olhos do mais puro gosto em viver e contemplar…
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